sábado, 9 de abril de 2011

CÂNTICO CRUEL

Mãe, deixe-me sozinho, quero acordar!
Em suas mãos irreais – sou igual ao sonâmbulo
sobre os fios do luar.

Mas, se lhe fujo ao terno olhar que me beija,
ergo até as nuvens meus castelos de ar
e só os destruo para que ninguém os veja;

em toda parte há um abismo a desafiar
minha curiosidade. Mãe, todo o menino precisa
um dia se libertar:

quem se entrega ao amor, ao amor se escraviza.

Colombo de Sousa
In: Estágio 1960

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário