sábado, 9 de abril de 2011

RETRATO DO AMOR

Quero o amor de Galatéia
sem seus véus, sem seus cansaços;
para tê-la nos meus braços
subo aos ombros de uma idéia.

Eis a síntese da cor
em seu corpo intacto, morno
Invento-a. Desenho o amor
Sonâmbulo, sem seu retorno.

Debruço-me sobre o mapa
das origens, de água e poema;
-como é bela em seu diadema,
sob o luar de minha capa!

Danço uma onomatopéia
com o eco de meus sapatos,
Galatéia! Galatéia!
danço nos brancos hiatos,

nas manhãs feitas de luares;
e a sombra que me acompanha
olha-me como uma estranha,
sem meu rosto e meus lugares.

Sempre aqui, raptada, imensa;
quero em cores recompô-la
pra beber minha presença
em seus dedos de papoula

Colombo de Sousa
In: Estágio 1964

 

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